11 de dez. de 2005

Transporte coletivo é desafio das metrópoles

Matéria publicada no jornal O Estado do Paraná

Rosângela Oliveira [09/12/2005]


A cada ano, número de passageiros dos ônibus têm diminuído.
O Brasil, nos últimos anos, tem passado por um processo de degradação dos serviços de transporte coletivo, com aumento de tarifas, transporte informal, congestionamentos e poluição do ar. Isso vem gerando impactos negativos no cotidiano das pessoas, que têm dificuldades de deslocamento nas grandes metrópoles. Pensando em mudar essa realidade, o Ministério das Cidades elaborou um anteprojeto de lei da mobilidade urbana, que pretende implantar políticas, visando não só a melhoria do transporte público, como o desenvolvimento urbano e social das cidades.

Apesar do anteprojeto já estar pronto, o ministério está levando o assunto para dez capitais que estão em regiões metropolitanas - ontem, o evento foi realizado em Curitiba - para que ele possa ser complementado. A idéia é que o texto final siga para avaliação do Congresso Nacional em março de 2006. O diretor de Regulação e Gestão da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana, do Ministério das Cidades, Alexandre de Ávila Gomide, ressalta que o tema está intimamente ligado com o desenvolvimento dos municípios. Segundo ele, a participação das cidades na construção do projeto é fundamental para que a proposta respeite a realidade de cada localidade.

Entre os pontos que fazem parte do anteprojeto estão o desenvolvimento estratégico da mobilidade, direito dos usuários de transporte coletivo, diretrizes para a regulamentação do transporte público - que passa pela questão tarifária -, atribuições de responsabilidades (União, estados e municípios), como organizar as cidades e qual o papel do transporte metropolitano.

Segundo Gomide, nos encontros realizados até agora surgiram algumas sugestões que deverão ser incluídas no projeto. Como por exemplo, o papel do transporte de carga dentro das cidades, licitação para os operadores de ônibus - já que na maioria das cidades existe contratos precários -, e como reajustar a tarifa sem levar em conta a planilha de custos, mas sim, um estudo que inclua a produtividade.

Automóveis
A questão do crescimento da frota de automóveis também está sendo levada em conta nesse estudo, diz o diretor, pois hoje, enquanto as cidades crescem numa média de 2% ao ano, o número de automóveis aumenta 5%. "Então não se pode deixar de pensar no uso racional dos automóveis, pois além de congestionamentos, não é ambientalmente sustentável", falou. Nesse sentido, existe a intenção de se propor uma integração do automóvel com o transporte coletivo, além de outras medidas mais polêmicas.

Entre elas, que o custo que os automóveis geram para a sociedade sejam revertidos para subsidiar o transporte coletivo, cuja medida, afirma Gomide, já existe em diversos países. Também que se restrinja a circulação de automóveis em áreas de congestionamento, e até mesmo que se cobrem taxas para o causador desse problema. Apesar de citar Curitiba como uma referência na integração do transporte, Gomide diz que aqui o uso do carro vem crescendo muito, o que provoca queda no transporte coletivo. "E isso precisa ser equacionado", finalizou.

Alternativas de deslocamento
Para o diretor de Planejamento da Secretaria Municipal de Assuntos Metropolitanos, da Prefeitura de Curitiba, Luiz Masaru Hayakawa, o anteprojeto traz pontos importantes na questão metropolitana, apesar da capital já promover uma integração. Porém, ele comenta que a iniciativa teria que dar mais atenção para a mobilidade que passa por calçadas, paisagismo ou guias rebaixadas, e não se restringir ao transporte coletivo.

"Mesmo que a pessoa utilize o ônibus, ela completa sua mobilidade seguindo a pé, pelas calçadas. Por isso acho importante complementar esses pontos", falou. Outro ponto destacado por Hayakawa deve ser a preocupação de grandes empreendimentos que se instalam em cidades de regiões metropolitanas, e investem apenas nas vias internas, deixando as ruas de acesso a cargo do município. "Eles precisam pensar como os trabalhadores e a população vão chegar até a empresa e sair dela em direção às cidades. Essa responsabilidade precisa ser dividida", ponderou.

Uma das dificuldades que Hayakawa aponta na Região Metropolitana de Curitiba é a tarifa integrada. "Existem cidades grandes onde as distâncias entre as localidades é maior, o que acaba onerando o sistema para todos os usuários, ou até mesmo deixando essas comunidades sem atendimento", ponderou. Uma alternativa para melhorar essa questão seria a redução de custos de alguns itens que incidem no transporte coletivo. (RO)

Ajuda solidária

Matéria publicada no Estado do Paraná

Sem ajuda, abrigo pára de funcionar em Curitiba

Roger Pereira [10/12/2005]

O Centro de Apoio Casa de Passagem, às vezes a única alternativa de hospedagem para as pessoas carentes que chegam a Curitiba em busca de tratamento médico, está fechando as portas. Ontem pela manhã, os dois últimos hóspedes deixaram o local, encerrando as atividades devido às dificuldades financeiras.

Fundada em abril de 2002, a Casa de Passagem já atendeu mais de 1,3 mil pessoas, servindo nesse período cerca de 30 mil refeições. Nesses mais de dois anos e meio, a organização, que recebia pacientes de todo o Brasil, sobreviveu às custas de doações de empresas e pessoas envolvidas com a causa. Além de viabilizar o pagamento do aluguel e dos funcionários, as doações mantinham o fornecimento de alimentos e produtos de limpeza para a casa.

No entanto, a empresa que mais colaborava com a casa anunciou que, devido à problemas econômicos, não pode mais contribuir. Assim, a instituição não tem recursos para o pagamento do aluguel e do pessoal, aproximadamente R$ 6 mil. "É uma pena. Estou extremamente triste, mas não posso manter a casa aberta se não tenho como pagar as duas maiores contas", lamenta a presidente da organização, Tânia Politi, que reclama da falta de apoio por parte dos governos municipal, estadual e federal.

Para ela, a solução para a Casa de Passagem seria ter uma sede própria, pois além de não ter a despesa com aluguel, também teria desconto em contas como o IPTU, água e energia elétrica, pelo fato de ser uma fundação social. Segundo Tânia, já há parceiros dispostos a contribuir com a construção de uma nova casa. O que falta, porém, é um terreno adequado para a obra.

No dia 8 de novembro, a Casa de Passagem recebeu o Prêmio FAE-Fiep de Responsabilidade Social. "Mesmo assim não conseguimos mobilizar novos doadores", comenta Tânia. Interessados em ajudar o Centro de Apoio Casa de Passagem podem entrar em contato pelo telefone (41) 3533-4494 ou pelo endereço eletrônico casapassagem@yahoo.com.br

Comentário

A responsabilidade social de empresas e abnegados nunca vai poder fazer pela sociedade o que esta mesma deveria fazer. E quem tem os recursos da sociedade para estas acoes sociais? O nosso governo, é claro! Se a casa de passagem tivesse a "marca" de um vereador ou deputado eu acredito que nao teria problemas de recursos. Qual a solução? Qualquer que seja será demorada, pois implica numa mudança cultural de todos nós. Nós vemos o problema do outro como se não fosse nosso. Uma solução é fazer como os países desenvolvidos fazem (que não somos): realmente priorizar a saúde e a educação, estabelecer metas reais (que não possam ser maquiadas em percentuais obscuros em orçamentos complexos), disponibilizando em primeiro lugar estes recursos e de forma que não possam ser utilizados para outros fins (vai faltar dinheiro para pagar os juros da divida? nao! para o superavit primario? nao! Mas vai faltar para pagar muitos assessores e funcionarios publicos que nao sao necessarios!) A outra solucao, esta que nao depende do governo, é utilizar as centenas ou milhares de pessoas que gostariam de voluntariamente colaborar, e que hoje se limitam a participar de campanhas pontuais (agasalho, natal, etc.). Por exemplo, atraves de uma rede de voluntariado (gerenciada pela tecnologia da informação) de prestacao dos servicos necessarios (acomodacao, cuidados, etc.), ficando os recursos financeiros existentes para pagar as necessidades de remédios, alimentacao, e outras.

14 de out. de 2005

A crise do país é administrativa

A atual crise do país é administrativa, e não política. Ouvi isso hoje do Arnaldo Jabor na CBN e concordo. Não temos crise política porque a nossa política sempre foi assim, agora apenas estamos vendo e ouvindo a verdade (ou as mentiras, o que dá na mesma, pois delas concluímos qual é a verdade) em tempo real e a cores na TV, na Internet.

Diagnosticar o mal não é suficiente, temos que curar o doente! Como? Reduzindo o número e o poder dos políticos e mudando a forma de administrar as cidades e o nosso recurso. Como fazer isso? Bem isso fica pra outro dia :-)

27 de mai. de 2005

Sobre corrupção

Comentei no Rafael Galvão agora a pouco:
No Brasil todos somos corruptos! Em maior ou menor grau, se é que dá pra dizer que corrupção tem grau. Só pra polemizar, mas é o que eu acho - e não só eu, essa idéia não é original.

Portanto, para consertar nossos governos somente mudando o sistema, e para algum outro que não dependa da honestidade e comprometimento da maioria (simples) dos governantes e representantes políticos (que decidem ações a executar e leis a se cumprir), mas da honestidade nas relações individuais entre cada um, e como conseqüência, entre todos: Se voce não for honesto com o seu próximo não será com ninguém. Se for honesto com seu próximo poderá ser com todos.